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NANÃ BURUQUÊ

Entre os ewe e os fon da República do Benin, Deus é conhecido como Nanã Buruku. Adotada pelos egba sob o nome Buruku, ela veio a ser cultuada entre os iorubás como divindade, e não como o Ser Supremo.

 

Eis alguns de seus nomes: Ajapa (Guardiã do monte); Opara (Mãe de Obaluaiê); Ibain (Dona da terra); N’ Buruku (A mais velha); Obaiya (A dos pântanos); Ajaosi (Guerreira agressiva). Tanto em ewe quanto em fon a expressão Nana Bùrúkù é formada a partir da combinação entre nana (velho ou antigo) e Bùrúkù (o nome de Deus): deste modo, Nanã Buruku significa Deus Antigo.

Esta divindade foi levada a Abeokuta pelos sabe, um povo vizinho à cidade, mais especificamente por uma mulher escrava. É considerada particularmente poderosa por ser filha do próprio Ser Supremo: por tal razão é chamada também de Omolu, contração de omo (filho) e Olúwa (Deus), literalmente Filha de Deus. Outra interpretação possível para o nome Nanã baseia-se no fato de que na, raiz proto-sudânica ocidental, significa mãe.

 

Nanã Buruku é a Ìyagbà mais estreitamente associada à morte, à terra, aos lagos e às fontes, à lama e às águas contidas na terra. Sua qualidade maternal e sua relação com a lama e a terra úmida associam-na à agricultura, à fertilidade e aos grãos. Seus filhos são os mortos e os ancestrais. Tanto os ewe como os egba consideram Buruku um ser andrógino. Entre os iorubás, o aspecto masculino do orixá é chamado Bùrúkù e o aspecto feminino é chamado Omolu. É cultuada principalmente por mulheres, que seguem formas ritualísticas semelhantes às adotadas pelos ewe e pelos fon em seus cultos.

 

Nanã Buruku, considerada uma divindade de temperamento difícil, é responsável por muitas misérias e adversidades, mas se devidamente apaziguada revela-se poderosa e benevolente. Seus iniciados não devem faltar às obrigações de culto, sob a pena de tornarem-se vítimas de infortúnios. Os recém-nascidos, as mulheres em estágio adiantado de gravidez e as mulheres menstruadas ou que acabaram de ter relações sexuais são proibidos de se aproximarem do santuário. Apenas após a menopausa as mulheres podem se tornar sacerdotisas de Nanã Buruku e são as únicas autorizadas a oferecer-lhe sacrifícios, devendo os demais devotos permanecer do lado de fora do santuário.

 

Nanã Buruku precisa ser constantemente ressarcida para poder gerar novas vidas, pois os novos nascimentos são possíveis somente porque ela recebe os mortos em seu seio. Deste modo a terra, igbá-nlá (a grande cabaça), recebe os corpos mortos, que lhe restituem a capacidade genitora e tornam possíveis novos nascimentos, e todo renascimento está relacionado com os ancestrais. A restituição e o renascimento estabelecem e preservam as relações entre orun e aiye, enquanto os ancestrais garantem a continuidade da vida no aiye.

 

Nos festivais anuais as imagens esculpidas em madeira são retiradas do santuário e carregadas em procissão. Durante as festividades em sua homenagem os aspirantes à iniciação recebem instruções e perdem temporariamente a capacidade de falar, regredindo a estágios anteriores do desenvolvimento, e falam como criancinhas que estivessem ainda aprendendo. No final desse período resgatam a capacidade linguística e retornam para casa entre canções e outras expressões de regozijo.

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